Creepy Time - O Mistério Joelma

Muitos mistérios giram em torno do mundo. Sejam eles explicados pela ciência ou apenas mantidos pela imaginação das pessoas, contos que trazem a tona traços Sobrenaturais ou Fantásticos despertam muita curiosidade entre as pessoas. Você é algum curioso amante de histórias assim?

Gosta de formular teorias sobre as histórias absurdas que ouve? Seja você cético ou religioso, esse quadro vai manter vivo tradições, curiosidades, lendas e mitos em diferentes partes do mundo.

Mas você se engana se pensar que apenas a América do Norte ou a Europa é dotada de histórias que ganham altas repercussões. Por que não falar de uma história que aconteceu aqui no Brasil? Por que não falar de um acidente trágico que envolveu a morte de várias pessoas, mas que ganhou fama não pela tragédia, mas pelos mistérios que antecederam antes e após a catástrofe que marcou a pacata cidade de São Paulo. Você deve estar pensando: "Ah Mar, do que você está falando?". Você tem familiares que moraram em São Paulo na Década de 70? Pergunte a eles sobre a História do Edifício da Praça da Bandeira?

Não, melhor...Pergunte a eles sobre a História do Edifício Joelma.

Meu pai era um adolescente, acho que da minha idade. Ele trabalhava pelo centro quando viu a cena. Um prédio dominado em chamas e várias pessoas caindo lá de cima, se matando para não enfrentar a agonia daquele inferno, literalmente queimando as almas inocentes. Eu pedi para ele dar um depoimento, mas ele não quis gravar, obviamente pensando que isso era besteira e não se deve falar muito disso.

Mesmo o tempo nivelando isso, ainda resta dúvidas sobre o que realmente aconteceu. Mas você ainda deve estar em dúvida, não é? Vamos voltar no tempo. Numa época em que o Edifício Praça da Bandeira ainda era o Edifício Joelma, um importante prédio comercial em São Paulo.

Num lote de terra, localizado no número 225 da Avenida Nove de Julho em São Paulo, um prédio estava sendo construído. No Ano de 1969 a construtora Joelma S/A intitulou a obra como o "Prédio dotado do mais moderno sistema de incêndios.", segundo o diretor Jorge Cassab.

A Estrutura foi dividida em 25 andares, onde do 1° ao 10° Andar seriam os estacionamentos e do 11° ao 25°as salas de escritórios, separados em duas Torres, a Torre Norte (Virada para Av. Nove de Julho) e a Torre Sul (virada para a Rua Santo Antônio).

Após a obra ser concluída em 1972, o Edifício foi imediatamente alugado para o Banco Crefisul de investimentos, mas o acontecimento mais marcante aconteceria no ano de 1974. Nesse ano, a empresa ainda se organizava com a transição dos departamentos, quando no dia 1° de Fevereiro, às exatas 08:53 da manhã, em uma sexta-feira, um aparelho de ar-condicionado deu início a um incêndio que, rapidamente, se alastrou para os demais departamentos.

Os móveis do Joelma eram feitos de material que possibilitava uma fácil dispersão do fogo, dando mais força e vigor para as chamas, juntamente com a estrutura do teto e forro feito de fibra sintética. Uma outra condição que facilitou a catástrofe, era que as torres eram conectadas por uma escada central, ignorando a existência de saídas de incêndio.

Não havia nada, nem brigada de incêndio, nem planos de evacuação. Nada...

No início do incêndio, várias pessoas conseguiram escapar com os elevadores, mas não demorou muito para as chamas bloquearem o acesso deles. Encontrando-se em na situação de não poder deixar o prédio, várias pessoas tentaram se abrigar em banheiros e parapeitos da janela, enquanto outras, com sucesso, chegaram ao 25° Andar, tendo acesso ao terraço.

Mas não demorou muito para que a agonia e o desespero fizessem as pessoas se jogarem da altura de 25 Andares. "A Cena foi forte. Tudo parou. Chegou a polícia, os bombeiros, mas tudo parou mesmo. Eu trabalhava perto do Joelma naquela época e conseguia ver. Aquelas pessoas...elas estavam pulando do terraço. Pareciam formigas caindo e espatifadas no chão." Meu pai não se incomoda muito de contar as histórias, mas quem não se incomoda de narrar uma cena como essa? Mais ou menos 20 pessoas pularam, sem chance de sobrevivência.

A ajuda começou a vir às 09:03 da manhã. O Corpo de Bombeiro foi acionado e várias viaturas forma guiadas até o local. Helicópteros também foram acionados para o salvamento, mas não tiveram muito sucesso pois o Joelma não eram provido de um heliporto. Porém, muitos no telhado pereceram, pois o topo do prédio chegou a inacreditáveis 100° Celsius. Houveram sobreviventes que se abrigaram na Torre Norte, em uma telha de amianto, mas na Torre Sul não houve sobreviventes.

Por volta de 10:30 da manhã o fogo já havia consumido todo o material inflamável do prédio. Dos 756 ocupantes do edifício, 191 morreram e mais de 300 ficaram feridos. A investigação sobre as causas da tragédia, concluída e encaminhada à justiça em julho de 1974, apontava a Crefisul e a Termoclima, empresa responsável pela manutenção elétrica, como principais responsáveis pelo incêndio. Afirmava que o sistema elétrico do Joelma era precário e estava sobrecarregado O resultado do julgamento foi divulgado em 30 de abril de 1975: Kiril Petrov, gerente-administrativo da Crefisul, foi condenado a três anos de prisão. Walfrid Georg, proprietário da Termoclima, seu funcionário, o eletricista Gilberto Araújo Nepomuceno e os eletricistas da Crefisul, Sebastião da Silva Filho e Alvino Fernandes Martins, receberam condenações de dois anos.

Após o incêndio o prédio ficou interditado por quatro anos até a sua reinauguração em 1978. Porém o prédio nunca foi completamente ocupado.

Isso...porque a história não acaba aqui...

Se você leu esses fatos com atenção, dê destaque a parte dos Elevadores. Se lembra que algumas pessoas conseguiram escapar pelo elevador? Pois bem. Muitas pessoas continuaram tentando sair daquele inferno pelo elevador, mas um grupo de treze pessoas não teve sucesso na fuga e acabaram sendo engolidas pelas chamas, morrendo carbonizadas.

Essas treze pessoas ficaram famosas com o título de Treze Almas do Joelma. 


Como as chamas deformaram os cadáveres, os treze corpos nunca puderam ser identificados e foram enterrados lado a lado no cemitério São Pedro, em Vila Alpina-SP. Porém, como eu disse anteriormente, não acaba por aqui. Funcionários do cemitério relataram que quando eles se aproximavam das tumbas, sentiam uma sensação de calor, cheiro de fumaça e, finalmente, o som de gritos e lamúrias. Não demorou muito para aquilo passar de tragédia para assombração. O Cemitério ganhou fama pelo mistério das tumbas, até que um Padre resolveu colocar um copo de água benta em cada tumba, e observar nas noites seguintes que os espíritos se aquietaram.

Mas não foi só aí que foram relatadas a presença de espíritos. Após a ocupação do "Novo Joelma", funcionários relataram a aparição de vultos no Andar N° 12 e nos estacionamentos. Entregadores relataram que quando foram fazer uma entrega, viram uma mulher muito bonita com um véu branco se dirigir até a saída do estacionamento, não caminhando, mas flutuando, com os pés a poucos centímetros do chão. Você é cético de não acreditar nisso? Ou ainda está sedento por mais?

Então vamos voltar um pouco mais atrás, antes da construção do Joelma. Muito, muito antes.

O Ano era 1948, naquele mesmo endereço. número 225 da Avenida Nove de Julho em São Paulo. O Professor de Química Paulo Ferreira Camargo, de 26 anos, foi autor de um caso que causou intriga na cidade. As vítimas foram a Mãe e as duas Irmã do rapaz, mortas a tiros e jogadas em um poço no terreno da casa, intitulando, assim, o crime como "O Crime do Poço." Há quem diga que os motivos de Paulo foram a não aprovação das irmãs e da Mãe para com o relacionamento que o homem estava tendo com uma mulher, enquanto outras pessoas afirmam que a Mãe e as irmãs estavam doentes e ele não poderia suprir medicamentos para elas.

Após notarem o sumiço das mulheres, a polícia foi acionada. E enquanto escavavam o poço, Paulo pediu para ir ao banheiro e, minutos depois, um tiro foi ouvido. Paulo Ferreira Camargo foi encontrado no banheiro de sua casa, morto com um tiro no peito.

Após o incêndio do Joelma, a descoberta de que o terreno foi palco de um crime assim gerou vários debates acerca de que o terreno estava amaldiçoado ou tinha energias ruins. Mas será que pode ser verdade? Será que a energia ali contida manifestou-se no incêndio?

Eu deixei esse fato pro final porque despertaria mais interesse se você gosta de formular teorias. Durante o início do incêndio, um funcionário sobrevivente relatou que tentou conter as chamas com uma mangueira, mas o registro de água não funcionava. O Sistema hídrico de todo o Prédio foi paralisado. Será que possui alguma mínima relação com o poço, palco do Crime de 48?

Reconhecendo a fama do Joelma, Chico Xavier psicografou o roteiro de um filme chamado "Joelma 23° Andar" que exploraria mais sobre a Tragédia do Edifício. Mas em uma foto com o Elenco, um vulto passou por detrás de duas atrizes, com a forma semelhante a uma mulher.

Se voltarmos o tempo mais ainda, iremos descobrir que há especulações de que o Local do Joelma, o Local do Crime do Poço, teria sido um Pelourinho (Local onde criminosos e escravos eram punidos) no Século XIX.

Será que realmente aquele era um terreno amaldiçoado. Será que as Treze Almas, assim como a Mãe e as Irmãs de Paulo Camargo estava fadadas àquele destino? Será que essas histórias apagadas pelo tempo possuem traços sobrenaturais firmes?

Isso não podemos explicar. Mas podemos dizer que isso é real. Isso aconteceu. Isso marcou. Isso não são mitos, são histórias que eu ouvi de meu pai, das minhas tias e que você possivelmente pode ouvir se não ter medo de explorar.

Espero que tenham gostado e até a próxima semana com mais um Creepy Time com o Tio Mar.

Até mais.


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